Demaquilante pra racista

Nesse último fim de semana, o país já estava se sentindo pronto pra vestir a roupa do “só se vive uma vez” e, ser tragado com prazer, pelos lábios do Big Brother Brasil.

Eis que em pleno domingo, quando tudo o que se deseja é um pouco de paz e acordar depois de meio dia, miramos nos memes e desgostosamente, acabamos atirando em mais um infeliz afirmando que existe racismo reverso

Deixando em nossas bocas não o gostinho de cuscuz, mas o amargor de ter que continuar lidando com isso, realmente, o brasileiro parece que não tem um dia de paz!

Ontem, 16/01/2022, foi um dia especialmente decepcionante pra pessoas que acordaram alfabetizadas

O mesmo senhor que se deu ao trabalho de tocar o teclado de seu computador pra digitar essa maluquice, anteriormente já havia parido um livro que foi duramente criticado dentre outras coisas, por legitimar a escravidão.

Logo, quem esperava que Antonio Risério não continuasse prosseguindo com sua torrente de tolices, precisa aprender um pouco mais a respeito da observação de racistas que se fantasiam de intelectuais. 

Do alto de seu trono de homem branco que escreve pra gente branca e, se aproveita de sua bolha branca, pra infectar os outros com sua porca opinião disfarçada (quem colocar o nome deste senhor no google ao lado da palavra IBRAC, vai entender que ele realmente parece ser bom em disfarces) de notícia, sempre encontrou um jeito de usar seu privilégio.

O problema maior aqui, se é que podemos mensurar, é que um dos maiores veículos do país, se permitiu fazer o desserviço, de publicar o saco de estrume que este senhor chamou de texto, não só na edição online, como na edição impressa do jornal de domingo! 

Vocês tem noção de quantas pessoas puderam ter acesso às falsas palavras deste rapaz?

Utilizando as palavras do Dr. Amos Wilson, psicólogo norte-americano, pra explicar o óbvio, “você acha que porque eu digo que odeio os brancos, é o mesmo que o presidente dizer que odeia os pretos? É o mesmo que um policial, dizer que odeia os pretos? Não. Porque o efeito disso depende da natureza da relação de poder entre essas pessoas.

Ao fazer uma afirmação tão incoerente quanto a de que há possibilidade de existir racismo reverso, passa-se a ideia de que gente branca é impedida de acessar espaços única e exclusivamente por causa de sua cor. 

Que gente branca, sabia que não tinha chances de ser rainha do milho, apenas por ser branca, que gente branca, é abordada pela polícia da mesma forma que gente preta é e mais, que a voz de uma pessoa branca, ressoa da mesma forma que a voz de uma pessoa preta.

Essa série de exemplos poderia se estender muito mais do que suportam os caracteres desse texto, mas não precisamos ir muito longe pra saber que isso é bem diferente do que é o mundo real.

É simplesmente inadmissível, que principalmente num Brasil no qual o presidente incita o ódio e o preconceito, não só a Folha de São Paulo como tantos outros grandes veículos de informação, continuem dando palco pra racista!

Essa gente é como aquela coleguinha da escola que vivia copiando seus desenhos mas, jurava de pé junto que não: depois de uma certa vez, não deveriam mais ter credibilidade, deveriam arcar com as consequências.

Porém, venhamos e convenhamos, que tipo de consequências sofreria alguém como Risério?

É especialmente triste, ter que lidar com esse tipo de coisa quando se está na pele de alguém que não pode entrar em uma loja sem se sentir o tempo todo observado.

É especialmente triste, começar a segunda-feira agradecendo por ter olhos, depois de ter tido o desprazer, de ler declarações racistas maquiadas de liberdade de imprensa por este senhor e legitimadas por um jornal com o porte da Folha de São Paulo. 

Pra racista não o fogo, mas a cara limpa e em brasas, por nos ver vencer sem a possibilidade de nos parar com seu chicote.

Quem escreve

Sou modelo, faço arte, escrevo textos e bato papo aleatório nas redes sociais.

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